Novembro Azul: Masculinidade Tóxica e a Saúde do Homem
Giselle Felix
Fisioterapeuta
O Relatório da Organização Pan Americana da Saúde, de 15 de Novembro de 2019 “Masculinidades e saúde na região das Américas” destaca que as expectativas sociais em relação aos homens — de serem provedores de suas famílias; terem condutas de risco; serem sexualmente dominantes; e evitarem discutir suas emoções ou procurar ajuda — estão contribuindo para maiores taxas de suicídio, homicídio, vícios e acidentes de trânsito, bem como para o surgimento de doenças crônicas não transmissíveis. Segundo o relatório, os papéis, normas e práticas de gênero socialmente impostas aos homens reforçam a falta de autocuidado e a negligência de sua própria saúde física e mental.
Esse conceito de masculinidade, ou machismo, como é conhecido nas Américas, leva ao risco mulheres e crianças na forma de violência, infecções sexualmente transmissíveis e falta de responsabilidade compartilhada em casa; risco para outros homens, como acidentes, homicídios e outros tipos de violência; e risco para si mesmo, como suicídio, acidentes, alcoolismo e outros vícios.
Isso não apenas afeta a saúde dos próprios homens, mas também leva a resultados negativos para mulheres e crianças em termos de violência interpessoal, infecções sexualmente transmissíveis, gravidez imposta e paternidade ausência.
O relatório também destaca que a discriminação por idade, etnia, pobreza, estado laboral e sexualidade agravam ainda mais esses resultados negativos para a saúde dos homens.
Para abordar questões relacionadas à socialização masculina e alcançar a igualdade de gênero na saúde, mulheres e homens precisam de acesso a serviços de saúde que levem em consideração suas necessidades particulares.
O relatório pede aos países que implementem nove recomendações para ajudar a melhorar a saúde dos homens:
- Melhorar, sistematizar e disseminar dados sobre masculinidades e saúde;
- Desenvolver políticas públicas e programas de saúde para prevenir e resolver os principais problemas que afetam os homens ao longo da vida;
- Eliminar as barreiras que impedem que meninos e homens acessem cuidados de saúde;
- Desenvolver iniciativas intersetoriais que incorporem a saúde em todas as políticas, particularmente na educação;
- Promover práticas positivas de saúde existentes nas quais os homens já se envolvem;
- Garantir a participação de todas as comunidades (incluindo homens, mulheres e comunidades LGBTI+);
- Promover a capacitação em gênero e masculinidades para os trabalhadores do setor da saúde;
- Fortalecer os programas de prevenção e promoção da saúde voltados para crianças e jovens;
- Garantir que instituições, incluindo o setor da saúde, universidades e sociedade civil, se concentrem na prevenção do impacto e dos custos de masculinidades rígidas/tóxicas.
REFERÊNCIAS:
OMS: masculinidade tóxica influencia saúde e expectativa de vida dos homens nas Américas; https://nacoesunidas.org/oms-masculinidade-toxica-influencia-saude-e-expectativa-de-vida-dos-homens-nas-americas/amp/
OPAS BRASIL: Masculinidade tóxica fará com que 1 em cada 5 homens nas Américas não alcancem os 50 anos: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6062:masculinidade-toxica-fara-com-que-1-em-cada-5-homens-nas-americas-nao-alcancem-os-50-anos&Itemid=820
Uma recomendação adicional poderia ser, quem sabe, passar-se a usar a expressão “masculinidade tóxica” em substituição a “machismo”. Isso faria ressaltar o quanto essa atitude violenta e agressiva, suposta manifestação de masculinidade, é prejudicial à própria pessoa e à sociedade como um todo.